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# Teorema central do limite {#tcl}
```{r echo=FALSE}
set.seed(123)
```
## Vídeo
```{r echo=FALSE, results='asis', out.extra=center()}
embed_yt('hLsJPXrRoro')
```
## Objetivo
* Neste capítulo, vamos pensar em [todas as amostras possíveis]{.hl} de tamanho $n$ que podem ser retiradas de uma população.
* Se calcularmos a média de cada uma das amostras, teremos um vetor de [médias amostrais]{.hl}.
* Podemos nos perguntar sobre a [distribuição destas médias amostrais]{.hl}:
* Qual é a forma desta distribuição?
* Qual é a média desta distribuição?
* Qual é o desvio-padrão desta distribuição?
* Em um experimento, quando coletamos uma amostra de uma população e calculamos a sua média, estamos escolhendo, aleatoriamente, um elemento desta distribuição de médias amostrais.
* [Podemos considerar a média amostral como uma variável aleatória]{.hl}, cuja distribuição é a distribuição de todas as médias amostrais possíveis.
```{r histo-funcao, echo=FALSE}
histo <- function(pop) {
pop %>%
ggplot(aes(value)) +
geom_histogram(boundary = 0, bins = 50) +
labs(
y = NULL,
x = 'valor'
)
}
```
```{r echo=FALSE}
tirar_amostra <- function(pop, tamanho) {
pop %>%
slice_sample(n = tamanho)
}
```
```{r func-tcl, echo=FALSE}
demo <- function(
populacao, # vetor
tamanho_amostra, # dbl
qtde_amostras # dbl
) {
mu_pop <- mean(populacao)
sd_pop <- sd(populacao)
cat(
glue(
'Média da população = {mu_pop %>% round(3)}\n',
'desvio-padrão da população = {sd_pop %>% round(3)}\n\n\n'
)
)
populacao <- populacao %>%
as_tibble()
amostras <- map(
1:qtde_amostras,
~ tirar_amostra(populacao, tamanho_amostra)
)
medias <- amostras %>%
map_dbl(~ mean(pull(., value)))
mu_amostras <- mean(medias)
sd_amostras <- sd(medias)
cat(
glue(
'Quantidade de amostras = {qtde_amostras}\n',
'Tamanho da amostra = {tamanho_amostra}\n\n\n'
)
)
cat(
glue(
'Média das médias amostrais = {mu_amostras %>% round(3)}\n',
'D.P. das médias amostrais = {sd_amostras %>% round(3)}\n'
)
)
grafico_dist_pop <- populacao %>%
as_tibble() %>%
histo() +
ggtitle('Distribuição da população')
grafico_dist_amostral <- medias %>%
as_tibble() %>%
histo() +
ggtitle('Distribuição das médias amostrais')
grafico_dist_pop + grafico_dist_amostral
}
```
## Populações não-normais
### Uniforme
* Vamos começar com um exemplo.
* Imagine que temos uma população cujos valores (entre $0$ e $1$) obedecem a uma [distribuição uniforme]{.hl}.
```{r cache=TRUE}
tamanho_populacao <- 1e5
uniforme <- runif(tamanho_populacao)
```
* Vamos retirar amostras (de tamanho $n$ fixo) desta população e calcular a média de cada amostra.
```{r}
tamanho_amostra <- 100
```
* Por exemplo, três amostras e suas respectivas médias:
```{r}
a1 <- sample(uniforme, tamanho_amostra)
a1
mean(a1)
a2 <- sample(uniforme, tamanho_amostra)
a2
mean(a2)
a3 <- sample(uniforme, tamanho_amostra)
a3
mean(a3)
```
* Teremos, então, um conjunto de médias amostrais.
```{r}
medias <- c(mean(a1), mean(a2), mean(a3))
medias
```
* Qual é a média destas médias amostrais?
```{r}
mean(medias)
```
* Qual é o desvio-padrão destas médias amostrais?
```{r}
sd(medias)
```
```{r echo=FALSE}
qtde_amostras <- 1e4
```
* Vamos ver as respostas para um exemplo maior: $`r qtde_amostras %>% fm()`$ amostras de $`r tamanho_amostra %>% fm()`$ elementos cada:
```{r demo-unif, cache=TRUE, echo=FALSE}
qtde_amostras <- 1e4
demo(uniforme, tamanho_amostra, qtde_amostras)
```
* A distribuição da população é uniforme, mas a distribuição [das médias amostrais]{.hl} parece normal!
* A [média das médias amostrais]{.hl} é próxima da média populacional.
* E o [desvio-padrão das médias amostrais]{.hl} é função do desvio-padrão da população. Na verdade, este desvio-padrão é
$$
\frac{\sigma}{\sqrt{`r tamanho_amostra`}}
$$
onde $\sigma = `r sd(uniforme) %>% round(3) %>% fm()`$ é o desvio-padrão da população, e $`r tamanho_amostra`$ é o tamanho de cada amostra.
::: {.rmdimportant}
#### Terminologia {-}
* A distribuição das médias amostrais (o gráfico à direita no exemplo acima) é chamada de [distribuição amostral das médias]{.hl}.
* O desvio-padrão da distribuição amostral é chamado de [erro-padrão]{.hl}, embora não haja uma idéia clara de erro aqui.
* [A média de todas as médias amostrais é a média populacional]{.hl}. Por incrível que pareça, fica mais fácil entender isto quando escrevemos em matemática:
$$
E(\overline X) = \mu
$$
* Chamamos $\overline X$ de um [estimador não-tendencioso (*unbiased*, ou não-enviesado)]{.hl} de $\mu$.
:::
### Exponencial
* Agora, vamos fazer um exemplo com uma população com [distribuição exponencial]{.hl}:
```{r tamanho-exp}
tamanho_populacao <- 1e5
tamanho_amostra <- 100
qtde_amostras <- 1e4
```
* Definimos a população com $\lambda = 2$:
```{r exp, cache=TRUE}
exponencial <- rexp(tamanho_populacao, 2)
```
* Vamos retirar muitas amostras e examinar os resultados:
```{r demo-exp, cache=TRUE, echo=FALSE}
demo(exponencial, tamanho_amostra, qtde_amostras)
```
* De novo, a distribuição [das médias amostrais]{.hl} é normal, com média igual à média da população original.
### Uma mistura
* Agora, uma população que é uma mistura de uma binomial com uma Poisson:
```{r cache=TRUE}
tamanho_populacao <- 1e5
tamanho_amostra <- 100
qtde_amostras <- 1e4
mistura <- c(
rbinom(tamanho_populacao/2, size = 10, prob = .3),
rpois(tamanho_populacao/2, lambda = 15)
)
```
* Vamos retirar muitas amostras e examinar os resultados:
```{r demo-mistura, cache=TRUE, echo=FALSE}
demo(mistura, tamanho_amostra, qtde_amostras)
```
* Observe que, embora a população tenha uma distribuição discreta, [a distribuição das médias amostrais é sempre contínua.]{.hl}
* De novo, a distribuição [das médias amostrais]{.hl} é normal, com média igual à média da população original.
## Uma população normal
* E se a população [já for distribuída normalmente?]{.hl}
* Definimos uma população normal padrão ($\mu = 0, \sigma = 1$):
```{r tamanho-norm}
tamanho_populacao <- 1e5
tamanho_amostra <- 100
qtde_amostras <- 1e4
```
```{r norm, cache=TRUE}
normal <- rnorm(tamanho_populacao)
```
* Vamos retirar muitas amostras e examinar os resultados:
```{r demo-norm, cache=TRUE, echo=FALSE}
demo(normal, tamanho_amostra, qtde_amostras)
```
## O que isto significa? O TCL
* Em primeiro lugar, que a distribuição normal é mágica! Tão mágica que seu nome deveria ser outro:
![](images/paranormal.png){.center width=60%}
* Em segundo lugar, que é possível provar o
::: {.rmdimportant}
#### [Teorema Central do Limite (TCL)]{.hl} {-}
* Pense em uma população com distribuição *qualquer*, com média $\mu$ e desvio-padrão $\sigma$ ($\mu$ e $\sigma$ finitos).
* Pense em todas as amostras de tamanho $n$ possíveis, retiradas desta população.
* [As médias de todas estas amostras são valores de uma variável aleatória $\overline X$, e podemos dizer que, quanto maior o valor de $n$:]{.hl}
* [Mais próxima da distribuição normal é a distribuição de $\overline X$.]{.hl}
* [Mais próximo de $\mu$ é o valor esperado $E(\overline X)$.]{.hl}
* [Mais próximo de $\frac{\sigma}{\sqrt{n}}$ é o desvio-padrão de $\overline X$.]{.hl}
* Note que o desvio-padrão da distribuição das médias amostrais (i.e., [o erro-padrão]{.hl})
* [Aumenta]{.hl} quando o [tamanho da amostra $n$ diminui]{.hl}.
* [Diminui]{.hl} quando o [tamanho da amostra $n$ aumenta]{.hl}.
:::
### Prova do TCL (parcial)
* Não vamos provar que a distribuição de $\overline X$ é normal --- precisamos de funções geradoras de momentos, um assunto de estatística matemática que não vamos cobrir aqui.
* Mas [é fácil provar que $E(\overline X) = \mu$]{.hl}:
* [A média amostral $\overline X$ é uma variável aleatória]{.hl} que é a soma de $n$ variáveis aleatórias $X_1, X_2, \ldots, X_n$ (que representam os elementos de cada amostra) dividida pelo tamanho da amostra, $n$.
* Mais precisamente
$$
\overline X = \frac{X_1 + X_2 + \cdots + X_n}{n}
$$
* [Cada uma destas variáveis $X_i$ tem valor esperado $\mu$]{.hl} (porque cada uma delas vem da população, que tem média $\mu$).
* Em um vídeo anterior, vimos que [o valor esperado de uma soma de variáveis aleatórias é a soma dos valores esperados]{.hl}.
* Vimos também que [multiplicar a variável por uma constante]{.hl} ($\frac1n$, aqui) [multiplica o valor esperado pela mesma constante]{.hl}.
* Então
$$
\begin{align*}
E(\overline X) &= E \left(\frac{X_1 + X_2 + \cdots + X_n}{n} \right) \\
&= \frac1n \cdot E(X_1 + X_2 + \cdots + X_n) \\
&= \frac1n \cdot [E(X_1) + E(X_2) + \cdots + E(X_n)] \\
&= \frac1n \cdot [\mu + \mu + \cdots + \mu] \\
&= \frac1n \cdot n \cdot \mu \\
&= \mu
\end{align*}
$$
* Também [é fácil provar que o desvio-padrão de $\overline X$ é $\frac{\sigma}{\sqrt{n}}$]{.hl}:
* Vamos pensar sobre a variância.
* [Cada uma destas variáveis $X_i$ tem variância $\sigma^2$]{.hl} (porque cada uma delas vem da população, que tem variância $\sigma^2$).
* [A variância da soma de variáveis aleatórias *independentes* é a soma das variâncias]{.hl}.
* [Multiplicar a variável por uma constante]{.hl} ($\frac1n$, aqui) [multiplica a variância pelo *quadrado* da constante]{.hl} ($\frac1{n^2}$).
* Então:
$$
\begin{align*}
\text{Var}(\overline X)
&= \text{Var}\left(\frac{X_1 + X_2 + \cdots + X_n}{n} \right) \\
&= \frac1{n^2} \cdot \text{Var}(X_1 + X_2 + \cdots + X_n) \\
&= \frac1{n^2} \cdot [\text{Var}(X_1) + \text{Var}(X_2) + \cdots + \text{Var}(X_n)] \\
&= \frac1{n^2} \cdot [\sigma^2 + \sigma^2 + \cdots + \sigma^2] \\
&= \frac1{n^2} \cdot n \cdot \sigma^2 \\
&= \frac{\sigma^2}{n}
\end{align*}
$$
* Como o desvio-padrão é a raiz quadrada da variância, [o desvio-padrão de $\overline X$ é $\sqrt{\frac{\sigma^2}{n}} = \frac{\sigma}{\sqrt{n}}$]{.hl}, onde $\sigma$ é o desvio-padrão da população.
## Proporções
* O TCL fala de médias, mas também serve para [proporções]{.hl}.
* Exemplo: de uma população de $1.000$ pessoas, você extrai uma amostra de $100$ pessoas e calcula a proporção $\hat p$ de fumantes na amostra. [O que o TCL diz sobre $\hat p$?]{.hl}
* $\hat p$ é o número $k$ de fumantes na amostra, dividido pelo tamanho da amostra $n$:
$$
\hat p = \frac kn
$$
* Mas isto também pode ser calculado da seguinte forma:
1. [Represente cada pessoa da amostra por $0$ ou por $1$]{.hl}, dependendo de se ela é não-fumante ou fumante, respectivamente. Isto equivale a definir $n$ variáveis aleatórias $X_1, X_2, \ldots, X_n$, tais que
$$
X_i = \begin{cases}
0 & \text{se a pessoa } i \text{ é não-fumante}\\
1 & \text{se a pessoa } i \text{ é fumante}
\end{cases}
$$
Em R, guarde todos estes $0$s e $1$s em um vetor `X`.
2. O [número de fumantes]{.hl} na amostra vai ser $\sum X_i$, ou, em R, `sum(X)`.
3. Se você dividir esta soma por $n$, você terá [a média das variáveis $X_i$]{.hl}, que é exatamente a proporção de fumantes na amostra. Em R, `mean(X)`.
$$
\hat p = \frac{\sum X_i}{n}
$$
4. Conclusão: [a proporção também é uma média]{.hl}, e também obedece ao TCL.
* O TCL diz que [a distribuição amostral de $\hat p$ é normal]{.hl}.
* O TCL diz que [o valor esperado de $\hat p$ é a proporção $p$ de fumantes *na população*]{.hl}. Ou seja, se você retirar muitas amostras de $n$ pessoas, com $n$ suficientemente grande, [a média das proporções amostrais vai ser a proporção populacional]{.hl}.
$$
E(\hat p) = p
$$
Usando a terminologia que já vimos, [$\hat p$ é um estimador não-tendencioso de $p$.]{.hl}
* [Para calcular o desvio-padrão]{.hl}, pense que uma proporção tem tudo a ver com uma variável aleatória [binomial]{.hl} $Y$, cujo valor é o número de fumantes (sucessos) em uma amostra de $n$ pessoas ($n$ provas de Bernoulli), onde cada pessoa tem probabilidade $\hat p$ de ser fumante ($\hat p$ é a proporção de fumantes na amostra).
* Por este raciocínio, a proporção amostral é $\frac Yn$.
* Da aula sobre variáveis aleatórias discretas, você lembra que $Y$ tem variância $n\hat p (1 - \hat p)$ e, daí, desvio-padrão $\sqrt{\hat p (1 - \hat p)}$.
* O TCL diz que [o desvio-padrão da distribuição amostral de $\hat p$ vai ser]{.hl}
$$
\frac{\sqrt{\hat p (1 - \hat p)}}{\sqrt{n}}
\quad=\quad
\sqrt{\frac{\hat p (1 - \hat p)}{n}}
$$
* Vamos fazer uma simulação:
```{r}
tamanho_populacao <- 1e3
tamanho_amostra <- 100
qtde_amostras <- 1e4
proporcao_pop <- .3
populacao <- sample(
0:1,
tamanho_populacao,
replace = TRUE,
prob = c(1 - proporcao_pop, proporcao_pop)
)
```
```{r cache=TRUE, echo=FALSE}
demo(
populacao,
tamanho_amostra,
qtde_amostras
)
```
## Condições para usar o TCL na prática
Quando você obtém uma amostra de uma população, você deve observar as seguintes condições:
* [O tamanho $n$ da amostra deve ser grande o bastante]{.hl}. Na prática, $n \geq 30$ é razoável.
* Quando a amostra vem de uma população com distribuição normal, o tamanho da amostra pode ser menor ($n \geq 10$).
* [Os indivíduos da amostra devem ser independentes entre si]{.hl}. Na teoria, a população deveria ser infinita, e as amostras, aleatórias.
* Na prática, basta a população ser grande o bastante em relação ao tamanho da amostra. Geralmente, *$n$ não deve ultrapassar $10\%$ do tamanho da população*.
* Na prática, quanto mais randomizada for a amostra, melhor.
* [No caso de proporções]{.hl}, uma amostra com uma quantidade potencial muito grande ou muito pequena de sucessos vai acabar gerando uma distribuição amostral não-normal. [Na prática, sua amostra deve ter, potencialmente, pelo menos $10$ sucessos e pelo menos $10$ fracassos.]{.hl}
## Mais exemplos
Adaptados de @de15:_stats.
### Canhotos
::: {.rmdbox}
* Suponha que $13\%$ da população sejam de pessoas canhotas.
* Uma sala de aula tem $200$ carteiras, com $15$ carteiras especiais para alunos canhotos.
* Em uma turma de $90$ alunos, qual a probabilidade de que estas carteiras especiais não sejam suficientes para os alunos canhotos?
:::
#### Resposta {-}
* A pergunta é: [em uma amostra com $n = 90$ alunos, qual a probabilidade de haver mais de $15$ alunos canhotos?]{.hl}
* [Traduzindo para proporção]{.hl}: qual a probabilidade de $\hat p$ (a proporção de canhotos na amostra) ser maior que $\frac{15}{90} = 0{,}167$?
* Ou seja, queremos achar $P(\hat p > 0{,}167)$.
* A proporção populacional $p$ é $0{,}13$.
* Vamos verificar as [condições para usar o TCL]{.hl}:
1. [O tamanho da amostra é grande o bastante?]{.hl} Sim, $n = 90$.
1. [O tamanho da amostra é menos que $10\%$ da população?]{.hl} Ninguém nos disse qual é a população. Vamos supor que a população é o conjunto de todos os alunos da cidade, e que a cidade tem mais de $900$ alunos; então esta condição está satisfeita.
1. [Os indivíduos são independentes entre si?]{.hl} Podemos supor que sim: um aluno ser canhoto não afeta a probabilidade de outro aluno ser canhoto (a não ser que se trate de uma escola especial para canhotos ou que todos os alunos sejam clones).
1. [A amostra é aleatória?]{.hl} Só podemos responder se soubermos como os $90$ alunos foram escolhidos. Vamos supor que sim.
1. [Existem potencialmente mais de $10$ sucessos e mais de $10$ fracassos na amostra?]{.hl} Sim, potencialmente, são $90 \cdot 0{,}13 = 11{,}7$ canhotos e $90 \cdot 0{,}87 = 78{,}3$ destros.
* A [distribuição amostral de $\hat p$]{.hl}, segundo o TCL, vai ser a normal com [média]{.hl}
$$
p = 0{,}13
$$
e [erro-padrão]{.hl} (lembre-se de que este é o nome do desvio-padrão da distribuição amostral)
$$
\sqrt{\frac{p(1-p)}{n}}
\quad=\quad
\sqrt{\frac{0{,}13\cdot 0{,}87}{90}}
\quad\approx\quad
0{,}035
$$
* Ou seja, $\hat p \sim \mathcal N (0{,}13; 0{,}035)$, e nós queremos $P(\hat p > 0{,}167)$. Basta usar o R:
```{r}
pnorm(q = .167, mean = .13, sd = .035, lower.tail = FALSE)
```
* [Conclusão]{.hl}: existe uma chance de aproximadamente $14{,}5\%$ de que as carteiras especiais para canhotos não sejam suficientes para uma turma de $90$ alunos.
* E se a turma for de $200$ alunos, lotando a sala?
### Elevador
::: {.rmdbox}
* O peso de um homem adulto é distribuído normalmente, com média de $86$kg e desvio-padrão de $26{,}8$kg.
* O limite de peso de um elevador é de $10$ pessoas ou $1.100$kg.
* Qual a probabilidade de que $10$ homens entrem no elevador e excedam o limite de peso?
:::
#### Resposta {-}
* Para os $10$ homens excederem o limite de peso, o total dos seus pesos deve ultrapassar $1.100$kg, o que equivale a dizer que [o peso médio deve ultrapassar $1.100 / 10 = 110$kg]{.hl}.
* A pergunta, então, é: [qual a probabilidade $P(\overline X \geq 110)$?]{.hl}
* Vamos verificar as [condições para usar o TCL]{.hl}:
1. [O tamanho da amostra é grande o bastante?]{.hl} Como, na população, o peso tem distribuição normal, $n = 10$ está OK.
1. [O tamanho da amostra é menos que $10\%$ da população?]{.hl} De novo, ninguém nos disse qual é a população. Vamos supor que a população é o conjunto de todos os homens da cidade. Então, $n = 10$ é menos do que $10\%$ da população.
1. [Os indivíduos são independentes entre si?]{.hl} Podemos supor que sim. Os homens não são todos parentes, não são todos faquires, nem são todos lutadores de sumô.
1. [A amostra é aleatória?]{.hl} Vamos supor que sim. O elevador não está numa clínica de emagrecimento. O conjunto de homens é escolhido ao acaso na população geral.
* A [distribuição amostral de $\overline X$]{.hl}, segundo o TCL, vai ser a normal com média
$$
\mu = 86
$$
e [erro-padrão]{.hl} (lembre-se de que este é o nome do desvio-padrão da distribuição amostral)
$$
\frac{\sigma}{\sqrt{n}}
\quad=\quad
\frac{26{,}8}{\sqrt{10}}
\quad\approx\quad
8{,}47
$$
* Ou seja, $\overline X \sim \mathcal N (86; 8{,}47)$, e nós queremos $P(\overline X \geq 110)$. Basta usar o R:
```{r}
pnorm(q = 110, mean = 86, sd = 8.47, lower.tail = FALSE)
```
* [Conclusão]{.hl}: existe uma probabilidade muito pequena --- $0{,}2\%$ --- de que uma amostra de $10$ homens exceda o limite de peso do elevador.