Silva Junior, C.H.L., Carvalho, N.S., Pessôa, A.C.M. et al. Amazonian forest degradation must be incorporated into the COP26 agenda. Nat. Geosci. 14(9), 634–635 (2021). DOI: 10.1038/s41561-021-00823-z. https://rdcu.be/cw7ua.
Celso H. L. Silva Junior, Nathália S. Carvalho, Ana C. M. Pessôa, João B. C. Reis, Aline Pontes-Lopes, Juan Doblas, Viola Heinrich, Wesley Campanharo, Ane Alencar, Camila Silva, David M. Lapola, Dolors Armenteras, Eraldo A. T. Matricardi, Erika Berenguer, Henrique Cassol, Izaya Numata, Joanna House, Joice Ferreira, Jos Barlow, Luciana Gatti, Paulo Brando, Philip M. Fearnside, Sassan Saatchi, Sonaira Silva, Stephen Sitch, Ana P. Aguiar, Carlos A. Silva, Christelle Vancutsem, Frédéric Achard, René Beuchle, Yosio E. Shimabukuro, Liana O. Anderson, Luiz E. O. C. Aragão
Ao Editor - Durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26; www.ukcop26.org), em Glasgow, Escócia, em novembro de 2021, as nações reafirmarão seus compromissos para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). A revisão dos compromissos nacionais será fundamental para a definição do futuro climático da Terra. Em conferências anteriores, o principal objetivo das nações amazônicas era reduzir as emissões resultantes da mudança do uso e manejo da cobertura da terra, comprometendo-se a diminuir as taxas de desmatamento, considerada uma estratégia eficiente1,2. No entanto, a degradação florestal causada pelo homem devido aos incêndios, extração seletiva de madeira e efeitos de borda também pode resultar em grandes quantidades de emissões de dióxido de carbono (CO2)1-5, que ainda não são explicitamente medidas e relatadas pelos países amazônicos. Apesar de seu impacto considerável, a degradação florestal tem sido amplamente negligenciada nas discussões de políticas5. É vital que a degradação florestal seja considerada nas próximas discussões da COP26 e incorporada aos compromissos futuros para reduzir as emissões de GEE.
A degradação florestal causada pelo homem é o principal fator de empobrecimento socioambiental na Amazônia6,7, e sua extensão está aumentando8. As florestas degradadas ocupam atualmente uma área maior do que a que foi desmatada8,9. Durante o período 2003-2015 na Amazônia brasileira, as emissões comprometidas de CO2 decorrentes de incêndios florestais1 (5.904 Tg) e efeitos de borda2 (2.068 Tg) atingiram 88% das emissões brutas por desmatamento1 (9.108 Tg) (Fig. 1). Agravando esse cenário, as emissões de CO2 decorrentes da degradação não são todas imediatas. As florestas degradadas continuam emitindo mais CO2 do que absorvem por muitos anos, tornando-se fontes significativas de carbono2,10. É crucial para todos os países amazônicos reduzir essas emissões. Isso requer o relato de toda a gama de emissões de CO2 à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), incluindo a degradação florestal. Se qualquer fonte de emissão for ignorada ou subestimada, a quantidade calculada de mitigação necessária será insuficiente para atenuar o aquecimento global.
Fig. 1 | Emissões de CO2 devido ao desmatamento e degradação florestal entre 2001 e 2015 na Amazônia brasileira.
Quantificar as perdas de carbono atribuídas aos processos de degradação é uma tarefa difícil. Existem incertezas consideráveis associadas às estimativas de áreas de floresta degradada e como cada tipo de distúrbio afeta os fluxos de carbono. Essas incertezas, no entanto, podem ser reduzidas combinando medições de campo7,10 com um conjunto cada vez maior de dados de sensoriamento remoto e métodos que, desde 2005, têm ampliado nossa capacidade de monitorar em larga escala processos de degradação, tanto em dimensões espaciais quanto temporais1-4,8,9. Essas estimativas espaço-temporais aprimoradas podem fornecer informações valiosas para melhor identificar e quantificar as emissões de carbono associadas à degradação florestal. Modelos mais precisos e realistas beneficiariam não apenas a Amazônia brasileira, mas também outras florestas tropicais, apoiando diretamente as atividades de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) para impulsionar a diminuição de emissões em todo o mundo.
Políticas eficazes para conter o desmatamento não abordam diretamente a degradação florestal1,2. Na Amazônia brasileira, enquanto as iniciativas governamentais e a pressão internacional ajudaram a reduzir as emissões do desmatamento2,11, as emissões dos incêndios florestais1 e efeitos de borda2 aumentaram no período 2005-2015. Enfrentar a degradação induzida pelo homem requer ir além da identificação e quantificação dos diferentes tipos de distúrbios. Acima de tudo, novas estratégias devem ser estabelecidas para evitar e compensar as emissões relacionadas, incluindo o uso sustentável dos recursos florestais, restauração de florestas primárias degradadas12 e proteção de florestas secundárias13,14. Essas estratégias precisam ser incorporadas às políticas nacionais e acordos internacionais.
A redução das emissões provenientes das mudanças no uso e cobertura da terra só será eficaz no apoio ao desenvolvimento sustentável da região amazônica se as políticas abordarem as causas sociais, econômicas, políticas e ambientais do desmatamento e degradação. Além disso, devem ser acompanhados de incentivos, tecnologia de gestão fundiária, capacitação, oferta de fontes alternativas de renda, planejamento territorial e mecanismos de mercado para fortalecer as cadeias produtivas sustentáveis15. Para ter sucesso, as políticas que visam abordar o desmatamento e a degradação florestal devem incorporar o monitoramento local contínuo e a responsabilização por crimes ambientais.
Os impactos da degradação florestal foram negligenciados nas discussões de políticas por muito tempo. As discussões da COP26 apresentam uma oportunidade ideal para chamar a atenção para essas questões e assim estabelecer novas estratégias necessárias para reduzir as emissões associadas às mudanças do uso e cobertura da terra.
Referências
- Aragão, L. E. O. C. et al. 21st Century drought-related fires counteract the decline of Amazon deforestation carbon emissions. Nat. Commun. 9, 536 (2018).
- Silva Junior, C. H. L. et al. Persistent collapse of biomass in Amazonian forest edges following deforestation leads to unaccounted carbon losses. Sci. Adv. 6, (2020).
- Assis, T. O. et al. CO2 emissions from forest degradation in Brazilian Amazon. Environ. Res. Lett. 15, 104035 (2020).
- Harris, N. L. et al. Global maps of twenty-first century forest carbon fluxes. Nat. Clim. Chang. 11, 234–240 (2021).
- Asner, G. P. Selective Logging in the Brazilian Amazon. Science 310, 480–482 (2005).
- Caviglia-Harris, J. et al. Busting the Boom–Bust Pattern of Development in the Brazilian Amazon. World Dev. 79, 82–96 (2016).
- Barlow, J. et al. Anthropogenic disturbance in tropical forests can double biodiversity loss from deforestation. Nature 535, 144–147 (2016).
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- Vancutsem, C. et al. Long-term (1990–2019) monitoring of forest cover changes in the humid tropics. Sci. Adv. 7, eabe1603 (2021).
- Silva, C. V. J. et al. Estimating the multi-decadal carbon deficit of burned Amazonian forests. Environ. Res. Lett. 15, 114023 (2020).
- Silva Junior, C. H. L. et al. The Brazilian Amazon deforestation rate in 2020 is the greatest of the decade. Nat. Ecol. Evol. 5, 144–145 (2021).
- Lamb, D. Restoration of Degraded Tropical Forest Landscapes. Science 310, 1628–1632 (2005).
- Heinrich, V. H. A. et al. Large carbon sink potential of secondary forests in the Brazilian Amazon to mitigate climate change. Nat. Commun. 12, 1785 (2021).
- Smith, C. C. et al. Old-growth forest loss and secondary forest recovery across Amazonian countries. Environ. Res. Lett. (2021).
- Stabile, M. C. C. et al. Solving Brazil’s land use puzzle: Increasing production and slowing Amazon deforestation. Land Use Policy 91, 104362 (2020).
Celso H. L. Silva Junior, Nathália S. Carvalho, Ana C. M. Pessôa, João B. C. Reis, Aline Pontes-Lopes, Juan Doblas, Viola Heinrich, Wesley Campanharo, Ane Alencar, Camila Silva, David M. Lapola, Dolors Armenteras, Eraldo A. T. Matricardi, Erika Berenguer, Henrique Cassol, Izaya Numata, Joanna House, Joice Ferreira, Jos Barlow, Luciana Gatti, Paulo Brando, Philip M. Fearnside, Sassan Saatchi, Sonaira Silva, Stephen Sitch, Ana P. Aguiar, Carlos A. Silva, Christelle Vancutsem, Frédéric Achard, René Beuchle, Yosio E. Shimabukuro, Liana O. Anderson, Luiz E. O. C. Aragão
Sr. Editor - Durante la 26ª Conferencia de las Naciones Unidas sobre el Cambio Climático (COP26; www.ukcop26.org), en Glasgow, Escocia, en noviembre de 2021, las naciones reafirmarán su compromiso de reducir las emisiones de gases de efecto invernadero (GEI). La revisión de los compromisos nacionales juega un papel clave en la definición del futuro del clima de la Tierra. En conferencias pasadas, el principal objetivo de las naciones amazónicas fue reducir las emisiones resultantes del cambio de uso y manejo de la tierra comprometiéndose a disminuir las tasas de deforestación, una estrategia bien conocida y eficiente1,2. Sin embargo, la degradación de los bosques causada por la mano humana a través de los incendios, la tala selectiva y los efectos de borde también pueden resultar en grandes emisiones de dióxido de carbono (CO2)1-5, que aún no han sido reportadas explícitamente por los países amazónicos. A pesar de su impacto considerable, la degradación de los bosques se ha pasado por alto en gran medida en los pasados debates sobre políticas relacionadas con estos temas5. Es vital que la degradación forestal se incluya en las próximas discusiones de la COP26 y se incorpore en los compromisos futuros para reducir las emisiones de GEI.
La degradación forestal inducida por actividades humanas es el principal impulsor del deterioro socioambiental en la Amazonia6,7, y su extensión sigue aumentando8. Estos bosques degradados ocupan actualmente una superficie mayor al área deforestada8,9. Durante el período 2003-2015 en la Amazonía brasileña, las emisiones de CO2 derivadas de los incendios forestales1 (5.904 Tg) y de los efectos de borde2 (2.068 Tg) alcanzaron a significar el 88% de las emisiones por deforestación1 (9.108 Tg) (Fig.1). Para agravar este escenario, las emisiones de CO2 resultantes de la degradación no son todas inmediatas. Los bosques degradados continúan emitiendo más CO2 del que absorben durante muchos años, convirtiéndose en importantes fuentes de carbono2,10. Es de vital importancia para todos los países amazónicos detener estas emisiones. Esto requiere reportar toda la gama de emisiones de CO2 a la Convención Marco de las Naciones Unidas sobre el Cambio Climático (UNFCCC), incluida la derivada de la degradación forestal. Si se ignora o subestima cualquier fuente de emisión, entonces la cantidad que se calcule como mitigación necesaria será insuficiente para prevenir el calentamiento global. .
Fig. 1 | Emisiones de CO2 por deforestación y degradación de los bosques entre 2001 y 2015 en la Amazonía brasileña.
Cuantificar las pérdidas de carbono atribuibles a los procesos de degradación es una tarea difícil. Existen considerables incertidumbres asociadas con las estimaciones del área de bosque degradado y el cómo cada tipo de perturbación afecta los flujos de carbono. Sin embargo, estas incertidumbres pueden superarse combinando mediciones de campo7,10 con la cada vez mayor diversidad de conjuntos de datos de teledetección que monitorean la degradación5 tanto en el espacio como en el tiempo1-4,8,9. Las mejores estimaciones espacio-temporales de la degradación forestal pueden proporcionar información valiosa para identificar y cuantificar con mayor precisión las emisiones de carbono relacionadas con la degradación. Contar con modelos más precisos y realistas beneficiarían no solo a la Amazonía brasileña, sino también a otros bosques tropicales, apoyando directamente las actividades de REDD+ (Reducción de emisiones por deforestación y degradación forestal) para impulsar la reducción de emisiones en todo el mundo.
Las políticas existentes para frenar la deforestación no abordan directamente la degradación forestal1,2. En la Amazonía brasileña, mientras que las iniciativas gubernamentales y la presión internacional ayudaron a reducir las emisiones de la deforestación2,11, las emisiones de los incendios forestales1 y los efectos de borde2 aumentaron en el período 2005-2015. Abordar la degradación inducida por el hombre requiere ir más allá de la identificación y cuantificación de los diferentes tipos de perturbaciones. Sobre todo, se deben establecer nuevas estrategias para evitar y compensar las emisiones relacionadas, incluyendo el uso sostenible de los recursos forestales, la restauración de bosques maduros degradados12 y la protección de los bosques secundarios13,14. Estas estrategias deben incorporarse tanto en las políticas nacionales como en acuerdos internacionales.
La reducción de las emisiones derivadas del cambio del uso y cobertura de la tierra sólo será eficaz para apoyar el desarrollo sostenible de la región amazónica si las políticas abordan las causas sociales, económicas, políticas y ambientales de la deforestación y la degradación. Además, deben ir acompañadas de incentivos, tecnología de gestión de la tierra, creación de capacidad, provisión de fuentes alternativas de ingresos, planificación territorial y mecanismos de mercado para fortalecer las cadenas de producción sostenibles15. Para tener éxito, las políticas encaminadas a abordar tanto la deforestación como la degradación de los bosques deben incorporar no solo un monitoreo continuo sobre el terreno sino también la rendición de cuentas por las actividades ambientales ilegales.
Los efectos de la degradación de los bosques se han pasado por alto en los debates sobre políticas durante demasiado tiempo. Los debates de la COP26 presentan una oportunidad ideal para llamar la atención sobre estas cuestiones y establecer nuevas estrategias esenciales para reducir las emisiones asociadas con el cambio en el uso y cobertura de la tierra.
Referencias
- Aragão, L. E. O. C. et al. 21st Century drought-related fires counteract the decline of Amazon deforestation carbon emissions. Nat. Commun. 9, 536 (2018).
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- Stabile, M. C. C. et al. Solving Brazil’s land use puzzle: Increasing production and slowing Amazon deforestation. Land Use Policy 91, 104362 (2020).